quinta-feira, 11 de julho de 2019

MARCOS 7

MARCOS 7

Ao começar deste capítulo, a oposição dos líderes religiosos vem à tona novamente. Os discípulos, cheios de labores – como o versículo 31 do capítulo anterior nos disse – não estavam observando certas lavagens tradicionais, e isso despertou os fariseus, que eram os grandes defensores da tradição dos anciãos. O Senhor aceitou o desafio em favor dos discípulos e respondeu por uma exposição de toda a posição farisaica. Eles eram hipócritas e Ele lhes disse isso.
A essência de sua hipocrisia estava na profissão de adoração, consistindo em cerimônias exteriores, quando interiormente seus corações estavam completamente distanciados. Nada conta com Deus se o coração não estiver correto.
Então, ao realizar suas cerimônias, eles ignoraram o mandamento de Deus em favor de sua própria tradição. O Senhor não apenas afirmou isso, mas provou-o dando um exemplo cotidiano em que eles separavam o quinto mandamento de suas regras concernentes a “Corbã”; isto é, coisas dedicadas ao serviço de Deus. Sob o disfarce de “Corbã”, muitos judeus se despojaram de todos os seus deveres legais em relação a seus pobres e velhos pais. E faziam isso com um ar de santidade, pois não parecia mais piedoso devotar coisas a Deus do que aos pais?
As coisas que vieram sob “Corbã” não eram coisas que Deus exigia; Se fosse assim, Sua demanda deveria ter prevalecido. Havia coisas que podiam ser dedicadas, se assim desejado; enquanto a obrigação de apoiar os pais era um comando distinto. A tradição farisaica permitia a um homem usar uma tradição permissiva para escapar da obediência de um mandamento claro. Eles poderiam tentar apoiar sua tradição com evasivas que pareciam piedosas, mas o Senhor os acusou de anular a Palavra de Deus. As palavras escritas de Êxodo 20:12 foram para Jesus “a Palavra de Deus”. Não há apoio aqui para essa minuciosa religiosidade que se recusa a atribuir a designação “Palavra de Deus” às Escrituras.
Cremos que devemos estar certos ao dizer que toda a tradição humana nas coisas de Deus, em última análise, define a Palavra de Deus como sendo nada. Os criadores da tradição provavelmente não tinham esse pensamento, mas o espírito mestre do mal, por trás da questão, tinha exatamente essa intenção.
Tendo desmascarado os fariseus como homens cujos corações estavam distantes de Deus, e que ousaram não dar efeito à Palavra de Deus, o Senhor chamou o povo e publicamente proclamou a verdade que cortava pela raiz toda a pretensão religiosa. O homem não é contaminado pelo contato físico com coisas externas, mas é ele mesmo a sede do que contamina. Um duro discurso foi esse, e somente aqueles que têm ouvidos para ouvir o receberão.
Os discípulos tiveram que perguntar-Lhe em particular sobre isso, e nos versículos 18 a 23, temos a explicação. O homem é corrupto em sua natureza. O que vem do seu próprio coração o contamina. De seu coração procedem os maus pensamentos que se desenvolvem em todo tipo de ato maligno. Esta é a mais tremenda acusação da natureza humana já proferida. Não é de se admirar que o coração farisaico estivesse longe de Deus; mas que coisa terrível que homens com corações assim professem aproximar-se e adorá-Lo.
Estas perscrutadoras palavras do nosso Senhor cortaram pela raiz todo o orgulho humano, e mostraram a inutilidade de todos os movimentos humanos, sejam religiosos ou políticos, que lidam apenas com aparências e deixam o coração do homem intocado.
Seus discípulos ainda mal entendiam essas coisas, e a experiência vai mostrar-nos que os Cristãos professos são muito lentos para aceitar e entender essas coisas hoje; mas não iremos muito longe, a não ser que as entendamos. No entanto, uma coisa é expor o coração do homem: porém algo mais é necessário – o coração de Deus deve ser expresso. Isto o Senhor fez, como mostra o resto do capítulo.
Ele foi para as próprias fronteiras da terra que abrigava tanta hipocrisia, e entrou em contato com uma pobre mulher gentia em desesperada necessidade. Sua fama chegou até ela e ela não seria renegada. No entanto, o Senhor a testou por Sua pequena parábola sobre o pão dos filhos e os cachorrinhos. Sua resposta: “Sim, Senhor; mas também os cachorrinhos comem, debaixo da mesa, as migalhas dos filhos”, estava felizmente livre de hipocrisia. Ela disse de fato: “Sim, Senhor: é verdade que não sou como os filhos do reino, mas um pobre cachorrinho gentio sem qualquer pretensão; mas estou confiante de que há poder suficiente com Deus e bondade suficiente em Seu coração, para alimentar um pobre cachorrinho como eu”.
Ora isso era fé. Mateus, de fato, nos diz que o Senhor a chamou de “grande fé”, e isso O maravilhou. Também trouxe a ela tudo o que seu coração desejava. Sua filha foi libertada. Quão grande é o contraste entre o coração de Deus e o coração do homem! Um cheio de benevolência e graça; outro cheio de todo tipo de mal. Que gozo para nós quando, em vez de abrigarmos a hipocrisia, somos marcados pela honestidade e fé.
No versículo 31, Ele volta novamente às vizinhanças do lago, onde encontra um homem que era surdo e mudo – uma condição que era um símbolo do estado em que a massa dos judeus era encontrada. A pobre mulher gentia teve ouvidos para ouvir e, consequentemente, sua língua encontrou palavras de fé para proferir, mas eles eram surdos e não tinham nada a dizer.
Ao curar esse homem, o Senhor realizou certas ações, que sem dúvida têm significados simbólicos. Ele o levou para longe das multidões, para que pudesse tratar com ele em privacidade. Seus dedos, simbólicos da ação divina, tocam seus ouvidos. O que veio da Sua boca tocou a boca do homem mudo. Assim o trabalho foi feito, e o surdo e mudo ouviu e falou. Se qualquer ouvido é aberto para ouvir a voz do Senhor, é o fruto da ação divina que ocorre em oculto. E se qualquer língua pode proferir o louvor de Deus ou a Palavra de Deus, é porque aquilo que vem de Sua boca foi colocado em contato com a nossa.
Nada é dito quanto à fé do homem. O que ele sentia que era incapaz de expressar, e outros o trouxeram a Jesus. Ele foi encontrado, no entanto, em graça completa e ilimitada. Mais uma vez, foi um caso da bondade do coração de Deus sendo manifestado por Jesus.
Evidentemente, as pessoas em alguma medida estavam conscientes disso e, em sua admiração, confessaram: “Ele tudo tem feito bem” (TB). Vinda de onde ela vinha, essa palavra é tanto mais surpreendente. A parte inicial do capítulo revela o homem em seu verdadeiro caráter, e vemos que o seu coração é uma fonte de onde procede nada além do mal – ele faz todas as coisas más! O Servo perfeito revela a bondade do coração de Deus. Ele faz todas as coisas bem.

Com este veredicto, também temos abundantes motivos para concordar.

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