terça-feira, 9 de julho de 2019

MARCOS 3

MARCOS 3


Os fariseus, no entanto, não estavam de modo algum convencidos, e reabriram toda a questão um pouco mais tarde, quando, num outro sábado, Ele entrou em contato com a necessidade humana em uma das sinagogas deles. O conflito se enfureceu em torno do homem com uma mão atrofiada. Eles observavam Jesus esperando que encontrassem um ponto de ataque. Ele aceitou o desafio que estava silente em seus corações dizendo ao homem: “Levanta-te” (v. 3), tornando-o bem destacado, e assegurando que o desafio fosse percebido por todos os presentes.
Outro ponto referente ao sábado é agora levantado. Seria intenção de Deus pela lei proibir tanto o bem quanto o mal? O sábado consideraria ilegal um ato de misericórdia?
A pergunta: “É lícito fazer bem ... ou fazer mal?” pode ser conectada com Tiago 4:17. Se soubermos fazer o bem e ainda assim o omitimos, é pecado. Deveria o Servo perfeito de Deus, que conhecia o bem e, além disso, tinha poder total para executá-lo, reter Sua mão de fazê-lo, porque aconteceu de ser o dia de sábado? Impossível!
Desta maneira impressionante, o santo Servo de Deus vindicou Seu ministério de misericórdia na presença daqueles que teriam amarrado Suas mãos com rígidas interpretações da lei de Deus. É importante que aprendamos a lição ensinada por tudo isso, no caso de cairmos em erro semelhante. A “ lei de Cristo” é muito diferente em caráter e espírito da “lei de Moisés”, mas pode ser mal utilizada de maneira semelhante. Se o jugo leve e suave de Cristo for tão retorcido a ponto de se tornar opressivo, e também um obstáculo positivo para o escoamento da graça e da bênção, torna-se uma perversão mais grave do que qualquer coisa que vemos nesses versículos.
Os corações dos fariseus eram duros. Eles eram suficientemente cuidadosos sobre os aspectos técnicos da lei, mas eram rígidos quanto a qualquer preocupação com a necessidade humana ou qualquer sentimento de seu próprio pecado. Jesus viu o estado terrível em que estavam e ficou condoído, mas não reteve a bênção. Ele curou o homem e os deixou em pecado. Eles ficaram indignados porque Ele havia quebrado um dos seus preciosos pontos legais. Eles se foram para ultrajar uma das principais considerações da lei ao tramarem homicídio. Tal é o farisaísmo!
Diante desse ódio mortal, o Senhor Se retirou com Seus discípulos. Vemo-Lo Se retirando do brilho da popularidade no final do capítulo 1. Ele não cortejou o favor, nem desejou provocar discórdia. Aqui encontramos o Servo perfeito agindo exatamente do modo que é ordenado aos menores servos em 2 Timóteo 2:24.
Mas tal era a Sua atratividade que os homens O oprimiam mesmo quando Se retirava. Multidões se aglomeravam em torno d’Ele, e Sua graça e poder se manifestavam de muitas formas, e espíritos imundos reconheciam n’Ele o Mestre a Quem tinham que obedecer, embora Ele não aceitasse seu testemunho. Ele abençoava e libertava os homens, mas não procurava nada deles. No início prepararam-Lhe um pequeno barco no lago no qual poderia Se retirar da opressão da multidão; e então subiu a uma montanha, onde Ele chamou a Si somente aqueles que desejava, e deles Ele escolheu doze que deviam ser apóstolos.
Assim, Ele não apenas respondeu ao ódio dos líderes religiosos Se retirando deles, mas também chamando os doze que no devido tempo deveriam sair como uma extensão de Seu inigualável serviço. Ele assim preparou para alargar o serviço e o testemunho. Os doze escolhidos deveriam estar com Ele, e então, quando seu período de instrução e preparação estivesse completo, Ele os enviaria. O período de seu treinamento dura até o versículo 6 de Marcos 6. No versículo 7 daquele capítulo, começamos a ler o relato do envio deles.
Esse “estarem com Ele” é de imensa importância para aqueles que são chamados ao serviço. É tão necessário para nós como foi para eles. Eles tiveram Sua presença e companhia na Terra. Não temos isso, mas temos o Seu Espírito dado a nós e a Sua Palavra escrita. Assim, podemos estar habilitados pela oração a manter contato com Ele, e obter a instrução espiritual, a única que nos capacita a servi-Lo inteligentemente. Os doze foram primeiramente escolhidos, em seguida instruídos, em seguida enviados com um poder conferido a eles. Esta é a ordem divina, e vemos essas coisas expostas nos versículos 14 e 15.
Tendo chamado e escolhido os doze sobre a montanha, Ele retornou às habitações dos homens e estava em uma casa. As multidões se reuniram imediatamente. A atração que Ele exercia era irresistível, e as exigências sobre Ele eram de tal forma que não havia tempo para as refeições. Assim, a primeira coisa a ser testemunhada pelos doze quando começaram a estar com Ele foi essa forte maré de interesse e a aparente popularidade de seu Mestre.
Eles logo viram um outro lado das coisas, e em primeiro lugar que Ele era totalmente mal entendido por aqueles que estavam mais próximos a Ele de acordo com a carne. Os “Seus parentes estavam, sem dúvida, cheios de preocupação bem-intencionada para com Ele. Eles não podiam entender tais trabalhos incessantes e sentiam que deveriam colocar uma mão restritora sobre Ele como Se estivesse fora de Si. Luz sobre esta atitude extraordinária da parte deles é lançada em João 7:5. Neste ponto, em Seu serviço, Seus irmãos não acreditavam n’Ele, e aparentemente até Sua mãe ainda não tinha uma concepção clara do que Ele realmente estava fazendo.
Mas em segundo lugar, havia inimigos, que estavam se tornando ainda mais amargos e inescrupulosos. No versículo 6 de nosso capítulo, vimos os fariseus fazendo amizade com seus antagonistas, os herodianos, a fim de tramar Sua morte. Agora encontramos os escribas fazendo uma viagem de Jerusalém para se opor e denunciá-Lo. Isso eles fazem da maneira mais imprudente, atribuindo Suas obras de misericórdia ao poder do diabo. Não foi apenas um abuso vulgar, mas algo deliberado e astuto. Eles não podiam negar o que Ele fez, mas tentaram obscurecer Seu caráter. Eles presenciaram Seus milagres de misericórdia, e então deliberada e oficialmente os declararam como sendo as obras do diabo. Esse foi o caráter de sua blasfêmia, e é bom estarmos bem esclarecidos a respeito disso em vista das palavras do Senhor no versículo 29.
Mas antes de tudo, Ele os chamou para Si e lhes respondeu com um apelo à razão. A oposição blasfema deles envolvia um absurdo. Eles sugeriram, com efeito, que Satanás estava empenhado em expulsar Satanás; que seu reino e casa estavam divididos contra si mesmo. Se isso fosse verdade, significaria o fim de todo a obra satânica. Satanás é muito perspicaz para agir dessa maneira.
Temos que admitir, infelizmente, que nós, Cristãos, não fomos tão astutos para agir dessa maneira. A Cristandade está cheia de divisão dessa maneira autodestrutiva, e é o próprio Satanás, sem dúvida, que é o instigador disso. Não fosse o poder do Senhor Jesus no alto permanecer inalterado, e o Espírito Santo habitando na verdadeira Igreja de Deus, a confissão pública do Cristianismo teria perecido há muito tempo. O fato da fé não ter perecido da Terra é um tributo não para a sabedoria dos homens, mas para o poder de Deus.
Tendo exposto a absurda insensatez de suas palavras, o Senhor passou a dar a verdadeira explicação do que estava acontecendo. Ele era aqu’Ele mais Forte do que o homem forte, e agora estava ocupado em saquear seus bens, libertando muitos que haviam sido cativados por ele. Satanás foi amarrado na presença do Senhor.
Em terceiro lugar, Ele advertiu claramente esses homens miseráveis ​​quanto à enormidade do pecado que haviam cometido. O Servo perfeito havia libertado os homens das garras de Satanás na energia do Espírito Santo. Para evitar admitir isso, eles denunciaram a ação do Espírito Santo como uma ação de Satanás. Isso era pura blasfêmia; blasfêmia cega de homens que fecham os olhos para a verdade. Eles se colocam além do perdão com nada além da condenação eterna diante deles. Haviam chegado a esse terrível estado endurecido de ódio e cegueira que uma vez caracterizou Faraó no Egito, e que em uma data posterior marcou o reino do norte de Israel, quando a palavra do Senhor foi: “Efraim está entregue aos ídolos; deixa-o” (Os 4:17). Deus deixaria esses escribas de Jerusalém sozinhos, e isso não significava perdão, mas condenação.
Este então era o pecado imperdoável. Entendendo o que realmente é, podemos facilmente ver que as pessoas de consciência sensível, que hoje estão perturbadas porque temem que possam ter cometido esse pecado, são as últimas pessoas que poderiam realmente tê-lo cometido.
O capítulo termina com a chegada dos parentes dos quais o versículo 21 nos fala. As palavras do Senhor a respeito de Sua mãe e Seus irmãos pareceram desnecessariamente severas. Certamente havia nelas uma nota de severidade, que foi ocasionada por Sua atitude. O Senhor estava aproveitando a oportunidade para dar instruções necessárias a Seus discípulos. Eles O viram em meio a muito trabalho e aparentemente popular; e também no centro da oposição blasfema. Agora eles devem ter uma demonstração impressionante do fato de que os relacionamentos que Deus reconhece e honra são aqueles que têm uma base espiritual.

Antigamente, em Israel, os relacionamentos na carne contavam muito. Agora eles devem ser colocados de um lado em favor do espiritual. E a base do que é espiritual reside na obediência à vontade de Deus: e para nós hoje a vontade de Deus está conservada nas Sagradas Escrituras. Obediência é a grande coisa. Está na base de todo serviço verdadeiro, e deve nos marcar se estivermos em relação com o único Servo verdadeiro e perfeito. Nunca nos esqueçamos disso!

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