segunda-feira, 8 de julho de 2019

MARCOS 2

MARCOS 2


Este capítulo inicia com outra obra de poder que teve lugar em uma casa em particular, quando depois de algum tempo Ele foi novamente a Cafarnaum. Desta vez, a fé de um tipo muito robusto aparece, e isso, notavelmente, por parte dos amigos e não por parte daquele que sofria. O Senhor estava novamente pregando a Palavra. Esse era o seu principal serviço; a obra de cura foi incidental.
Os quatro amigos tinham fé do tipo que sorri diante das impossibilidades e diz: “isso será feito”, e Jesus viu isso. Ele tratou imediatamente com o lado espiritual das coisas, concedendo perdão de pecados ao paralítico. Isso era blasfêmia para os escribas argumentadores que estavam presentes. Eles estavam certos o bastante em seus pensamentos de que ninguém, a não ser Deus, pode perdoar pecados, mas estavam totalmente errados em não discernir que Deus estava presente entre eles e falando na Pessoa do Filho do Homem. O Filho do Homem estava na Terra e na Terra Ele tem autoridade para perdoar pecados.
O perdão dos pecados, porém, não é algo que é visível aos olhos dos homens; deve ser aceito por fé na Palavra de Deus. A cura instantânea de um caso grave de enfermidade corporal é visível aos olhos dos homens, e o Senhor realizou esse milagre. Eles não podiam liberar o homem das garras de sua doença mais do que poderiam perdoar seus pecados. Jesus poderia fazer as duas coisas com igual facilidade. Ele fez as duas coisas, recorrendo ao milagre no corpo como prova do milagre na alma. Assim, Ele coloca as coisas em sua ordem correta. O milagre espiritual era primário, o corporal era apenas secundário.
Aqui novamente o milagre foi instantâneo e completo. O homem, que tinha sido completamente impotente, de repente se levantou, pegou sua cama e caminhou diante deles todos de uma forma que induziu glória a Deus vinda de todos os lábios. O Senhor ordenou e o homem teve que obedecer, pois a capacitação foi junto com a ordem.
Este incidente, que enfatiza o objetivo espiritual do serviço de nosso Senhor, é seguido pelo chamamento de Levi, conhecido mais tarde por nós como Mateus, o publicano. O chamamento deste homem para seguir o Senhor exemplifica a poderosa atração de Sua palavra. Uma coisa era chamar pescadores humildes de suas redes e fadigas: outra era chamar um homem de posses da agradável tarefa de ajuntar dinheiro. Mas Ele fez isso com duas palavras. “Segue-Me”, caiu sobre os ouvidos de Levi com tal poder que “ele se levantou e O seguiu”. Deus conceda que possamos sentir o poder dessas duas palavras em nossos corações!
Que maravilhoso vislumbre recebemos do Servo do Senhor, Sua prontidão, Sua autoridade, Seu poder, Sua dependência, Sua devoção, Sua compaixão, Sua recusa do popular e superficial em favor do espiritual e permanente; e, finalmente, Sua poderosa atração.
Tendo se levantado para seguir o Senhor, Levi logo declarou seu discipulado de maneira prática. Ele recebeu seu recém-encontrado Senhor em sua casa junto com um grande número de publicanos e pecadores, mostrando assim algo do espírito do Senhor. Ele trocou o estar “sentado na coletoria”, pela distribuição de generosidades, para que outros pudessem se sentar à sua mesa. Ele começou a cumprir a palavra “Ele espalhou, deu aos necessitados” (Sl 112:9 – ARF), e evidentemente sem ter sido instruído a fazê-lo. Ele começou a mostrar hospitalidade ao seu próprio grupo, a fim de que eles também pudessem conhecer aqu’Ele que havia conquistado seu coração.
Nisso, ele é um excelente exemplo para nós mesmos. Ele começou a se dedicar aos outros. Ele fez a coisa que mais prontamente chegou à sua mão. Ele reuniu aqueles que eram necessitados, e que sabiam disso, para se encontrarem com o Senhor, em vez daqueles que se satisfaziam religiosamente. Ele descobriu que Jesus era um Doador, que estava procurando por aqueles que fossem recebedores.
Tudo isso foi observado pelos satisfeitos escribas e fariseus, que expressaram sua objeção na forma de uma pergunta aos seus discípulos. Por que Ele Se associa com tais pessoas tão baixas e degradadas? Os discípulos não precisavam responder, pois Ele mesmo assumiu o desafio. Sua resposta foi completa e satisfatória e tornou-se quase um ditado proverbial. Os doentes precisam do médico e os pecadores precisam do Salvador. Ele não veio chamar os justos, mas os pecadores.
Os escribas e fariseus podem ter sido bem versados ​​na lei, mas não tinham entendimento da graça. Ora Ele era o Servo da graça de Deus, e Levi teve um vislumbre disso. Temos nós isso? Muito mais do que Levi, deveríamos ter isso, visto que vivemos no momento em que o dia da graça chegou ao seu ponto culminante. No entanto, é possível que nos sintamos um pouco magoados com Deus porque Ele é tão bom para com as pessoas que gostaríamos de denunciar, como Jonas fez no caso dos ninivitas, e como os fariseus fizeram com os pecadores. O grande Servo da graça de Deus está à disposição de todos os que necessitam d’Ele.
O próximo incidente – versículos 18 a 22 – revela os opositores novamente em seu trabalho. Antes eles se queixaram do Mestre para os discípulos: agora se queixam dos discípulos para o Mestre. Eles evidentemente não tinham coragem de enfrentar face a face. Este método evasivo de achar defeitos é muito comum: vamos abandoná-lo. Em nenhum dos casos os discípulos precisaram responder. Quando os fariseus mantiveram a exclusividade da lei, Ele os enfrentou afirmando a expansividade da graça, e os silenciou. Agora eles desejam colocar sobre os discípulos a servidão da lei, e Ele efetivamente afirma a liberdade da graça.
Da parábola ou figura que Ele usou claramente se deduz que Ele mesmo era o Noivo – a Pessoa de importância central. Sua presença governava tudo e assegurava uma maravilhosa plenitude de suprimento. Atualmente Ele estaria ausente e então o jejum seria suficientemente apropriado. Vamos tomar nota disso, pois vivemos no dia em que o jejum é algo apropriado. O Noivo está ausente há muito tempo e estamos esperando por Ele. No momento em que o Senhor falou, os discípulos estavam na posição de um remanescente divino em Israel recebendo o Messias quando Ele veio. Depois do Pentecostes, eles foram batizados em um só corpo e foram edificados sobre os fundamentos daquela cidade que é chamada de “a Noiva, a esposa do Cordeiro” (Ap 21:9 – ARA). Então eles têm o lugar da Noiva, em vez do lugar dos filhos das bodas; e essa posição é nossa hoje. Isso só torna ainda mais claro que não festejar, mas jejuar é o adequado para nós. O jejum é abster-se de coisas lícitas, a fim de estar mais inteiramente para Deus, e não apenas a abstinência de alimentos para uma certa exibição.
Os fariseus faziam de tudo para manter a lei intacta. O perigo para os discípulos, como depois os acontecimentos provaram, não foi tanto isso, mas a tentativa de uma mistura do judaísmo com a graça que o Senhor Jesus trouxe. O sistema legal era como uma roupa desgastada ou um velho odre de vinho. Ele estava trazendo aquilo que era como um forte pedaço de tecido novo, ou vinho novo com seus poderes de expansão. Nos Atos dos Apóstolos, podemos ver como as velhas formas exteriores da lei se perderam diante do poder expansivo do evangelho.
De fato, vemos isso no próximo incidente com o qual o capítulo 2 se encerra. Mais uma vez os fariseus reclamam dos discípulos para o Mestre. A ofensa agora era que suas atividades não se encaixavam exatamente no “odre velho” de certos regulamentos relativos ao sábado. Os fariseus pressionaram a guarda do sábado até o ponto em que condenavam até mesmo esfregar espigas de milho na mão, como se estivessem trabalhando num moinho. Eles contendiam por uma interpretação muito rígida da lei nesses assuntos menores. Eles eram as pessoas que guardavam a lei com cuidado meticuloso, ao passo que consideravam os discípulos frouxos.
O Senhor enfrentou sua queixa e defendeu Seus discípulos lembrando-os de duas coisas. Primeiro, eles deveriam ter conhecido as Escrituras, que registravam o modo como Davi havia se alimentado a si mesmo e a seus seguidores em uma emergência. Aquilo que normalmente não era lícito foi permitido em um dia em que as coisas estavam fora de curso em Israel por causa da rejeição do legítimo rei. 1 Samuel 21 nos fala sobre isso. Mais uma vez as coisas estavam fora de curso e o legítimo Rei prestes a ser rejeitado. Em ambos os casos, as necessidades relacionadas com o Ungido do Senhor devem ser mantidas para se sobreporem aos detalhes relacionados com as exigências cerimoniais da lei.
Segundo, o sábado foi instituído para o benefício do homem, e não o contrário. Portanto, o homem tem precedência sobre o sábado; e o Filho do homem, que detém o domínio sobre todos os homens, de acordo com o Salmo 8, deve ser o Senhor do sábado e, portanto, competente para dispor dele de acordo com a Sua vontade. Quem eram os fariseus para desafiar Seu direito de fazer isso? – apesar de Ele ter vindo entre os homens na forma de um Servo.

O Senhor do sábado estava entre os homens e estava sendo rejeitado. Sob essas circunstâncias, a disposição desses defensores da lei cerimonial estava fora de lugar. Seus “odres” estavam velhos e incapazes de conter a expansiva graça e autoridade do Senhor. O “odre” sábado se quebra diante de seus olhos.

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